Sábado, 05 de Setembro de 2009

O pequeno grupo avançou corredor afora. À medida que avançavam, o corredor estreitava mais e mais, as paredes nuas tornavam-se cada vez mais frias. Durante o percurso, que não terminava nunca, não se proferiu uma única palavra, apenas sinistros entreolhares entre o militar, a mulher balofa e o homem de trás, que se manteve sempre atrás do grupo. O corredor estreitou tanto que o acesso à sala só se podia fazer com uma pessoa de cada vez, e enfiando o corpo lateralmente. E assim entraram na sala, uns a seguir aos outros. A sala estava quase completamente vazia, as paredes brancas. Uma redoma de vidro vazia, com o suficiente tamanho de albergar uma pessoa humana, encontrava-se no centro da sala. Um papel enrolado jazia no chão à frente do grupo. Todos olharam o visitante que empurrou o papel para um dos cantos da sala com um pontapé convicto. Após isto, apenas silêncio. Por fim, o visitante atirou, "Porque raio me trouxeram para esta sala vazia?" E o militar, "Esta sala tem estado fechada há muito, na verdade nunca abriu, por isso que aguardávamos a sua visita com tamanha impaciência. Esta sala é referente ao povo do país Longinquo, do seu país Longinquo." E o visitante inquieto, "Não compreendo..." Nesse momento, o homem de trás bateu uma palma. O militar agarrou num dos braços do visitante, a mulher balofa no outro, e enquanto o encaminhavam, sem qualquer resistência, para a redoma de vidro, o militar concluiu, "Ser-lhe-á concedida a imortalidade,  meu caro. Você é um notável espécimen do seu povo longínquo. Aqui todos os visitantes o poderão ver, apreciar, estudar. Agora sim, já poderemos abrir a sala." E já com o visitante resignado no seu interior, o homem de trás fechou a redoma de vidro.

 

Fim



publicado por Mário Ramos d´Almeida às 16:59
Amigo Mário! Muito bom final, embora um espécime que não apanhe os papéis do chão não é assim tão raro, eheheheh. Mais uma vez parabéns pela forma magnifica como escreves. Fico à espera do próximo. Abraço
manu a 7 de Setembro de 2009 às 03:59

E mais uma vez obrigado pelo elogio. Espero que o próximo também seja do teu agrado. Um abraço.

Da infância, da vida e da morte.
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